Potentes e glamorosos... ah, os automóveis! Desde que o
Modelo T da Ford saiu da pioneira linha de produção, já se vão cem anos.
Convertemo-nos, desde então, em authomens e automulheres, vivendo a vida em
autometrópolis. O carro veste o homem, empresta-lhe cara nova. É símbolo de
status, objeto de culto e cenário de fantasias. Atire a primeira pedra o leitor
que não sonhou estar ao volante com uma bela mulher ao lado. Ou a leitora que
não vacilou diante do Redford que lhe segurou a porta do carro.
O automóvel surge e vai produzir incisivas mutações em
corações e mentes. Vai definir um novo conceito de tempo. Vai rasgar cidades,
campos e florestas. Vai sujar o ar e atazanar nosso sono com seu ronco. Vai
espremer calçadas. E sua sede por combustíveis, a qualquer tempo e lugar,
levará o homem a guerras, frias ou quentes, e a golpes de estado calcados em
mentiras. Cabeças rolarão por um mero barril de petróleo (sugiro a leitura de:
“Petróleo: uma história de ganância, dinheiro e poder” de Daniel Yergin).
E no século XXI, o automóvel segue, com invejável juventude.
Sempre novo, é movido agora por novos combustíveis biológicos, ou por gás,
injetados em motores flexíveis. Tudo remoçado para que a autosociedade não
pare. E atrás de petróleo, ainda, baixamos ao mar abissal, lá onde repousa
intocada, uma camada salina. Este renovado fôlego é, para uns, um ato de
coragem. Para outros, audácia! Estes últimos creem que deveríamos mudar nosso
estilo de vida e investir em energias verdadeiramente renováveis.
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