sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

A BICICLETA E A ECONOMIA


Quando pensamos nas questões econômicas relativas ao uso da bicicleta como meio de transporte, a primeira coisa que vem à mente é a economia com a substituição do transporte motorizado. Nas cidades brasileiras, onde o transporte público é privatizado, passagens são onerosas e a integração entre modais insatisfatória. Em São Paulo, uma viagem de trem urbano seguida por outra em ônibus, com Bilhete Único, sai por R$6,00... vezes dois, vezes 20, e tem-se um total nada desprezível de CR$ 240,00 mensal. Para aqueles que corajosamente substituem o icônico carro pela simplicidade de uma bicicleta, a economia absoluta é maior: combustível, manutenção, reparos, IPVA, seguro, e estacionamento...  por baixo.



O segundo fator de que mais lembramos na dupla dinâmica bicicleta - economia é saúde. Pedalar é a um só tempo transporte e exercício, bom para quem o faz, bom para o entorno. Bicicletas contribuem para o ar mais limpo e para o acalmamento do trânsito, e assim transformam bairros e cidades, melhoram o conforto e a segurança de quem caminha, ou se desloca numa cadeira de rodas, revigoram o comércio e os restaurantes de rua, dão vida às ruas e animam as relações entre pessoas nos espaços públicos.  Bicicletas já tem lugar cativo nos projetos de cidades para pessoas.
E há outros fatores na dobradinha bicicleta - economia. Os baixos custos de se construir infraestrutura cicloviária, o desgaste ínfimo provocado por bicicletas nas vias em que circulam, e a contribuição “generosa” de ciclistas (e pedestres, cadeirantes, skatistas e patinadores), via impostos diversos (ISS, ICMS, e outros), para engrossar o bolo orçamentário bilionário que custeia a construção e a manutenção de vias para automotores. Até quando, em países como o Brasil, seremos, nós que nos movemos por mobilidade ativa, esquecidos pelos poder público?


Temos certamente que lutar, e a luta é grande ainda, para mostrar ao Brasil a economia polivalente que a bicicleta pode proporcionar. Mas, se necessitarmos de uma inspiração, um bom exemplo pode ser o de Copenhagen, onde a construção e a manutenção de cicloestrutura está a cargo da mesma instituição que gerencia os hospitais. É que por lá, há a certeza fria e salutar de que a infraestrutura para bicicletas é, ao contrário de uma despesa, um investimento. Por meio dele, com a construção de ciclovias urbanas e das chamadas “Superestradas ciclísticas”, Copenhagen prevê uma economia de US$ 60 milhões anuais em gastos com saúde. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário